Sunday, September 19, 2004

Pequenos textos descritivos são como o whisky. Se bebermos tudo de um trago, fica-nos apenas uma réstia de sabor que não distinguimos muito bem. Engolimos a doçura de cada palavra, de cada descrição minuciosa. O calor fica lá, mas o degradé que o causou fica perdido num sítio qualquer onde já não conseguimos encontrá-lo. Mas quando saboreamos, deixamos o líquido fluir pelas papilas gustativas e o olfacto desperto, ficamos com o sabor de quem acabou de viver um momento tão escrupulosamente distinto de qualquer outro. Apenas por um breve instante.

4 comments:

Anonymous said...

Fiquei com vontade de beber whisky, só para seguir essas instruções.
o que escreves flui sempre muito docemente, sempre. experimenta falar de feijões, será doce na mesma, you're doomed.

Joana

joui said...

...e aprendi, desta forma, a gostar de whisky. Os feijões são algo mais pesado, mais... sei lá. Mas, repara: também há qualquer coisa de interessante e misterioso nos feijões. Um bocado de água, algodão e sol pode remeter-nos para muita coisa. Ou será que ninguém se lembra de momentos à janela, com o sol a bater na cara a pedir ao feijão para crescer?...

A Monochromatic Kind of Man said...

Whisky é a dadiva dos deuses para os escritores, se é que me posso chamar isso... nem sei :|

De qualquer maneira encontrei no whisky um bom redutor de decencia na minha escrita... e pelo que vejo tambem tu... :)

joui said...

Atenção... eu só tava a saborear a ideia... não quer dizer que... cof!
lol :)