Thursday, December 09, 2004

Já te disse...?

O sol brilha hoje e podia ser um dia quente se eu não soubesse que hoje é Inverno e amanhã também e lá fora está frio. Se não olhasse pela janela e não visse que o campo verde que se estende em frente a minha casa, do outro lado da estrada, está tapado por um manto gélido semi-transparente, semi-branco.
O frio vê-se mais nas pessoas do que no tempo.
E o frio não é senão a falta de calor.
Em dias assim era melhor que esquecesse tudo aquilo que remói dentro da cabeça e não se sabe o que é. Sabe-se. Quase que se tem a certeza. Mas dizê-lo seria torná-lo verdade e não queremos isso.

Dizemos sempre que queremos saber tudo, mas há coisas que se calhar era melhor não saber.

Monday, December 06, 2004

I will

A escuridão do quarto torna-se inquietante. Demasiado incómoda, como se cerrasse sobre a cama, sobre a cabeça, como se invadisse os dedos dos pés e penetrasse o corpo. Insuportável quase, mas viciante.
As voltas e voltas rodopiantes, incertas e trémulas na cama não adiantam de nada. Cerras os olhos e a escuridão ainda lá está.
Tentas fugir com a imaginação e o pensamento de que o dia a seguir vai ser quase igual a todos os outros é quase exaustante. Até podias pensar numa forma de o tornar diferente, mas não consegues, é o hábito, tens isto e isto e mais aquilo para fazer e não podes fugir. A desculpa de sempre e de todos os dias para não pensar.
Os sonhos parecem remetidos para o infinito, o dia em que os hás-de pôr em prática nunca se encaixa verdadeiramente no dia-a-dia.
Adormeces, sozinha, só tu, lá pela madrugada de um dia que não queres ver. Adormeces para não ver o amanhecer e dormir toda a manhã, e suportar apenas a tarde e a noite.