Monday, December 06, 2004

I will

A escuridão do quarto torna-se inquietante. Demasiado incómoda, como se cerrasse sobre a cama, sobre a cabeça, como se invadisse os dedos dos pés e penetrasse o corpo. Insuportável quase, mas viciante.
As voltas e voltas rodopiantes, incertas e trémulas na cama não adiantam de nada. Cerras os olhos e a escuridão ainda lá está.
Tentas fugir com a imaginação e o pensamento de que o dia a seguir vai ser quase igual a todos os outros é quase exaustante. Até podias pensar numa forma de o tornar diferente, mas não consegues, é o hábito, tens isto e isto e mais aquilo para fazer e não podes fugir. A desculpa de sempre e de todos os dias para não pensar.
Os sonhos parecem remetidos para o infinito, o dia em que os hás-de pôr em prática nunca se encaixa verdadeiramente no dia-a-dia.
Adormeces, sozinha, só tu, lá pela madrugada de um dia que não queres ver. Adormeces para não ver o amanhecer e dormir toda a manhã, e suportar apenas a tarde e a noite.

1 comment:

Anonymous said...

torna as manhas no infinito para o qual se remetem os sonhos..proficuas..